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quinta-feira, 5 de julho de 2007

Como tudo começou em Pesca Desportiva

O homem a exemplo dos animais sempre teve na suas origens mais primárias o espírito de caçador e pescador,o mesmo acontece hoje no homem actual.Comecei a pescar em adolescente,com o meu pai,numa ilha no Tejo,lá para os lados da Azambuja.Essa ilha tinha uma ponte destruída pós 25 de Abril de 74, e por conseguinte tinha-se acesso a ela através de um pescador que passava as pessoas de barco para o outro lado.Pescava-se na altura á fataça,com minhoca e com aquelas medalhinhas com fateixa.Capturava na altura algumas, fazendo na altura uma grande festa, mas como adolescente,e com a idade a caminhar para outros interesses que não a pesca,deixei de acompanhar o meu pai e o grupo dele.Voltei a Pescar então á cerca de vinte anos,já era bem adulto estava casado,pai,responsável,enfim aquelas coisas...Era uma forma de aliviar o stress do dia a dia de trabalho,de ter paz,de por vezes me livrar de programas familiares aqueles em que é as tias,as cunhadas,a avó,a sogra,o sogro,etc....,em dia de domingo a encher o saco como dizem no Brasil,quando queremos estar é sossegados no dia de descanso,e não temos paciência para aturar ninguém,não que as pessoas fossem aborrecidas,mas simplesmente porque muitas dias não existia pachorra..A fuga então era para a pesca,obviamente com alguma contenção na quantidade de saídas,não que não quisesse estar lá todos os fins de semana, mas tentava equilibrar nem sempre nem nunca,de alguma com a vida familiar.Inicialmente aquilo que devia ser um anti-stress passava a ser um tormento e um desânimo, face ás grades continuas non stop fim de semana um atrás do outro.Comecei pela pesca de fundo!Muitas horas,dias ,meses, passei no inverno em praias sozinho, sem um peixe apanhar,acreditem,estava para desistir,achava que não tinha sorte,via outros apanharem,até me isolava dos outros pescadores para não passar pela vergonha de nada capturar.Passava a vida a prender chumbadas na pedra,a perder fio,a remontar tudo,partir canas, etc.O desânimo era total!Até tinha pessoas na família que sabiam pescar bem ,mas pouco me ensinavam.Ninguém ensinava nada,mal sabia empatar um anzol,qualquer pergunta era respondida evasivamente,por vezes até com sorrisos de gozo,crúeis enfim,muitas vezes tinha mais vontade de chorar ,do que continuar a pescar.....Mas um homem não chora dizem???E continuei insistindo,lá comecei a apanhar um cabozes no meio das pedras,já não era mau,nada é que não era nada.Mas quando chegava a casa continuavam a gozar comigo,diziam-me para desistir,que não tinha jeito,sorte,que existiam pessoas que já nasciam com esse dom.Mas eu não me deixei ir abaixo psicologicamente, queria apanhar sargos,sarguetas,robalos enfim o normal como toda a gente.Comprei uma nova cana de 5 metros na altura e fui para a Lagoa de Albufeira a pescar ao fundo , cerca de 150 metros do canal!Ao meu lado um Sr. a pescar também,estávamos apenas os dois,aproximou-se e veio conversar era uma forma de passar o tempo.O sr era do Norte mais velho,estava ali a passar uns dias em casa de uma filha.Recolhi a chumbada e como normal nada;O sr olhou pediu desculpa e disse-me se não me importava que ele alterasse ali algumas coisas,eu aceitei e agradeci.Em meia hora aquele homem que nunca mais vi,ensinou-me o mais importante !a pensar na pesca.Alterou o que teve a alterar explicando porque o estava a fazer assim,e disse-me assim:Está a ver o canal,lance para dentro do canal naquela zona para a chumbada correr ,quando parar de correr fique atento com a cana na mão.Assim fiz: a chumbada parou de correr estiquei a linha,e foi automático um toque para mim naquela altura brutal,meio com os nervos,meio entusiasmado,lá puxei,o peixe fazia força,ainda por cima eu a trabalhar o peixe contra a corrente,mas dentro da minha maçaricada o estralho aguentou era grosso e não partiu, e lá consegui rebocar porque assim se chama,um robalo de 800 gramas que me fez sentir o pescador mais feliz do mundo, orgulhoso do meu troféu, era a primeira vez que apanhava peixe de jeito.Nunca mais vi esse senhor,se ele for vivo e espero que sim,esteja aonde estiver quero lhe dizer que estarei sempre eternamente agradecido,por aquela meia hora,e que nunca me esquecerei dele,desejando as maiores felicidades do mundo para ele.Salve malta do Norte.Foi o ver luz ao fim do túnel pela primeira vez,partir dai os resultados começaram a melhorar,lá comecei a ser visto em casa de outra forma, afinal os robalos e as sarguetas eram bons,o minha autoconfiança começou a aumentar.Já saia de casa com a certeza que alguma coisa haveria de apanhar.Comecei a investir em material,comecei a pescar á boía,ia de férias para o Algarve para a zona Tavira-Olhão,ia para as quatro águas á noite pescar á bóia,cavalas baldes cheios,uma ou outra sargueta,samirros,ia para dentro do Porto de Olhão á noite com minhoca, sarguetas umas atrás das outras,robalos também bastantes(alguns até parece que sabiam a gasóleo).Mas eu queria pescar de barco,estava farto daquele peixe pequeno e dos robalotes,o pessoal começou a dizer psicologicamente ou não que o peixe tinha um sabor esquisito,para mim não tinha!mas pronto. Tentei anteriormente ainda em Lisboa arranjar lugar numa traineira,mas pouca gente conhecia ligada ao meio,e quem eu conhecia achava que eu não tinha conhecimentos suficientes para integrar uma série de gente já de muita experiência e que só iria lá atrapalhar era só segredos e só para alguns.

Então comecei num lugar chamado Cidade sem Lei á beira da Ria Formosa.Esse lugarejo veio a ser o meu destino de férias nos anos a seguir ,só interrompido á cerca de três anos por destinos de vida diferentes, mas que em breve retornará a ser o meu local de férias preferido.Quem não conhece,mas para quem gosta de Pesca e de natureza ,a Ria Formosa é dos melhores locais de vida marinha ainda preservada,nomeadamente ao nível de bivalves, crustáceos etc...é também um local de desova de várias espécies.Ali aprendi a apanhar berbigão,a conhecer as marcas da ameijoa e sua apanha,a apanhar casulo,minhoca da lama,lingueirão,conhecer os buracos dos ralos,apanhar minhoca branca,enfim uma série de iscos que se utilizam para a pesca.Fazer a maré é um habito daquela gente do mar,quer dos mariscadores,quer dos pescadores lúdicos da zona que apanham ali o seu isco para pescar.Um dia que não se vá apanhar um isco para pescar e garimpar naquelas areias e lodos,parece que já não é dia.Na altura conheci,um pescador local na cidade sem lei vou chamá-lo ficticiamente de António com quem fiz amizade, apenas e porque ele nem sonha que estou a falar dele, e não importa para o caso o seu verdadeiro nome.Mostrei-lhe o meu desejo em ir ao mar e ele na sua forma simples de ser me respondeu,quer vir ?olhe eu não costumo levar ninguém, mas assim ,sempre me faz companhia!esteja amanhã aqui as 5 da madrugada..Dei um pulo de contente,despedi-me á pressa do António e dirigi-me ao carro,ao mesmo tempo apreensivo,pensando para os meus botões,e agora nem cana tenho,não tenho nada preparado,também pouco sei como devo pescar no barco,enfim passei por casa e em seguida, dirigi-me a Olhão,á procura de uma cana barata para pescar de barco.Acreditem que já nem me lembro da marca da cana, apesar de na altura eu já a conhecer ,de a namorar nas casas de pesca,sei que foi barata,mas lembro-me que era telescópica ,tinha 2 metros e qualquer coisa , as secções eram feitas de vara de madeira pintada,com uma ponteira já em fibra.E ás cinco da manhã ainda noite escura, lá estava eu num barco de madeira já antigo,com um motor de 8 cv desligado, descendo a ria pelos canais ao sabor da corrente da maré vazante,enquanto o António com o seu cigarro na boca,e aquele ar experiente,de homem do mar marcado já no rosto,moía berbigão com uma máquina a bordo que horas mais tarde vim a entender que era para engodar,pois não me atrevia a perguntar nada ,tal era a minha adrenalina no momento.O António sempre calmo seguíamos já com o motor ligado muito devagar na direcção da barra da fuseta na entrada para o mar.Quando estávamos a chegar,perto da entrada de mar,ali naquele local tive pela primeira vez a noção da força da água e do poder do mar,o António desligou o motor e parámos á deriva e ficamos ali sem ele nada dizer,até que eu perguntei não resisti,então algum problema?Não estou a espera que nasça o dia para passarmos a barra,pois está um pontadazinha de sueste e este motor é fraco,sempre saímos melhor a ver,mas elas não fogem!Estão lá a nascente.Fiquei sem entender nada mas fiz o meu papel,e calei-me fui-me entretendo a esticar a cana ,passar fio ,laçada para chumbada,e um estralho com anzol,era assim que eu pescava em terra,foi assim que para lá fui pescar,com a diferença que me tinham dito para por um estralho pequeno.Ele olhou para a cana e disse-me,você consegue pescar com isso?Eu disse-lhe pois não sei pescar de outra forma!além disso no barco é a primeira vez.Ele retorqui, olhe eu pesco com esta pesca de mão,com esta tança(fio de 1mm de espessura), e com este chumbo(à vontade 300 gramas achatado como se fosse um sabonete)Quer uma? é só meter o isco!Eu disse-lhe não muito obrigado,mas eu já estou habituado a pescar com cana,não iria saber pescar de mão.Você é que sabe disse o António tenho ai muitas pescas.Vamos largar ferro! disse depois de o ver em determinada zona medir a altura da profundidade com uma pedra atada a um cabo, vendo-o contar 8 braças de água.Larga um ferro á proa e vejo-o dar ré com o barco esticando o cabo,largou entretanto outro ferro,olhou para terra e esticou os cabos posicionando o barco na posição desejada deu os nós necessários e disse: É aqui!Podemos começar!Perguntei na altura porque colocou dois ferros ele disse é normal,assim o barco nunca sai da posição em que o deixei por acção da vaga ou algum vento que é capaz de aparecer lá do estreito(direcção do estreito de gibraltar/sueste).Olhei para a pesca dele e reparo num saco de plástico do arroz ,atado bem acima dos estralhos , apertado na base formando um cone agarrado á tança de 1mm,como se fosse tipo cartucho das castanhas mas mais largo e menos alto,que ele enchia com o berbigão moído depois de já ter previamente iscado os anzóis, e que anzóis com berbigão fresco.Tinha que começar a fazer perguntas e perguntei-lhe o porquê? Ele me disse com a cabeça baixa sem perder a atenção largando a pesca para baixo!é para engodar! o saco ao entrar na água fecha e ao bater o chumbo no fundo abre largando este berbigão moído,junto aos anzóis.Pensei para mim,olhá já aprendeste alguma coisa!Foi a primeira vez que vi, á 16 anos engodar o fundo com um saco de plástico.Bom caros leitores escusado será dizer só para vocês terem uma ideia,que o António deve ter apanhado mais de 60 ferreiras,até as 11 da manhã e eu por incrível que pareça só uma.Viemos embora na calma,o barco também não dava para mais,entramos na barra com cautela pois o sueste aumentava,e lá chegámos a terra seguros e tranquilos.O António disse-me: eu bem lhe disse,para você utilizar as minhas pescas,mas não esteja triste escolha daí as ferreiras que quiser e leve para a sua família,afinal você sempre me fez companhia e acrescentou!Olhe amanhã não porque o sueste está mais forte, mas cai durante a noite ,depois de amanhã á mesma hora se quiser vir novamente.Agradeci e perguntei-lhe António posso trazer uma pessoa de família que percebe mais disto que eu?Ele disse Claro que sim,o barco vai mais devagar mas nós também não temos pressa!Combinado.Depois de contar a minha aventura em casa,tomar banho e almoçar,telefono para Lisboa para aquele que é o culpado do meu vicio de pesca,que eu vou chamar ficticiamente de Manel seguindo a mesma filosofia que o António.Convido-o para vir passar o fim de semana ao Algarve mais a família,vendo-lhe bem a ideia de que ele iria ficar maluco com o António a pescar , e disse-lhe que apesar de ele já fazer na altura competição iria levar um baile daqueles grandes!Ele como sempre com o seu ar disse:Vamos ver!.E lá estava eu dois dias depois mais o Manel ás cinco da manhã esperando o mestre António.Seguimos na mesma direcção no mesmo lugar,com os mesmos procedimentos feitos pelo António para fundear,e começamos a pescar.O mar estava mais calmo,as ferreiras levaram mais tempo a aparecer,o António tira três de seguida tudo na ordem das 300 gramas cada uma.O Manel olhou para o saco do António e disse:Há é assim?Então vou fazer o mesmo não há que inventar o que já está inventado.Mete a mão ao bolso,tira um saco de plástico devidamente dobrado e adapta o mesmo á madre da montagem, depois de uns acertos de tesoura, e de o prender com fio de nylon a um destorcedor,1 metro acima dos seus três anzóis,e vai de chumbada para baixo.Era a primeira vez que eu estava a ver uma montagem para a cana, com três anzóis.A pesca do António funcionava como mais tarde venho a aprender como uma rabeira,eu nem me atrevia a pescar com linha de mão,por causa da recuperação,e aquele amontoado de fio aos pés,que de certeza na altura se tivesse experimentado tinha sido uma desgraça.Bom o Manel eram três de cada vez,e chegámos ás onze horas tinha a geleira dele cheia,o António também bastante, mas menos peixe do que o Manel,não era preciso pesar para ver quem tinha mais.Diz o António:nunca pensei que você conseguisse apanhar tanto peixe com essa vara,realmente um dia tenho que pensar em mudar para a cana ,pois dizem que vai ser proibido pescar com estas artes.Eu entretanto evoluí, pesquei 4 ferreiras que já me deixaram muito feliz.O Manel tirou meia dúzia de peixes e ofereceu a maioria das ferreiras ao António que agradeceu,regressou a Lisboa e deixou-me uma montagem feita onde eu por aquela fiz mais duas,voltei ao mar com o António mais algumas vezes,engodava com o "pára quedas"e apanhei quantidades decentes que não me envergonhavam ao pé das do António,apesar de as “tecas”dele serem sempre superiores..Foi assim o meu começo na pesca de barco, a partir daqui o meu percurso, levou-me, bastantes anos mais tarde á competição.Mas continuando,em seguida fui viver para a zona da Figueira da Foz,aí fiz mais uma evolução na pesca de bóia fiz amigos mais uma vez malta do norte,comecei a pescar com canas de 7 metros,á inglesa,corricava ao fundo,corricava á superfície,pescávamos de barco em Peniche e na Nazaré,sinceramente sem mentira de pescador,muitos kilos de peixe apanhado,muito robalo com aqueles amigos todos que nunca os esquecerei.Três anos depois voltei para Lisboa e começou o vicio da competição,onde fui encontrar outra realidade!a necessidade de evoluir ainda mais para poder acompanhar os índices competitivos.Evoluir para chegar ao topo é outro desafio,já estive a meio do caminho,voltei a descer por outras razões externas à competição e á pesca de alto mar, para o ano vou começar a escalada novamente.Paralelamente á competição, hoje interesso-me pelo jigging ,pelos peixe maior é normal esta evolução num pescador,queremos maior emoção ,queremos sempre mais,ao mesmo tempo estou a evoluir para o pescar e largar e trazer para casa só aquilo que necessito.Hoje a razão do que partilho tem a ver com a minha história,com a minha dificuldade naquela altura de obter informações,ajudas,ensinamentos,tudo era um segredo enorme,sofri um pouco senão dizer bastante, para aprender o sempre pouco que sei.A internet veio revolucionar o mundo,permitiu a comunicação,permitiu a livre expressão aos anónimos.Porquê fazer da técnicas utilizadas na pesca desportiva segredos.Acho que não tem que ser assim,aquilo que faz a diferença entre pescadores em competição ou fora dela nos resultados finais,não se conseguem explicar,é como a criança que se ensina as posições da escala de música numa viola ,requer depois muito treino,mais tarde se continuar vem o seu talento ou não!A existir fará a diferença.Até já.

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